Benfica e os empréstimos falhados: uma oportunidade desperdiçada
A época 2024/2025 trouxe poucas boas notícias para o Benfica no que diz respeito aos jogadores emprestados. Com nove atletas cedidos a outros clubes, a expectativa era clara: rodar jovens talentos, valorizar ativos e, idealmente, recuperar jogadores com capacidade para integrar o plantel principal. Mas a realidade foi bem diferente. Nenhum dos cedidos conseguiu afirmar-se, deixando dúvidas quanto ao futuro destas promessas encarnadas.
O caso mais paradigmático é talvez o de Martim Neto, médio de 22 anos que esteve ao serviço do Rio Ave. Apesar de ter sido o mais utilizado dos emprestados, foi titular em apenas 18 jogos, longe de uma época de afirmação. Situação semelhante viveu Henrique Araújo, avançado que já soma três empréstimos consecutivos e que, no Arouca, apesar de ter apontado sete golos (três de penálti), não conseguiu convencer de forma clara.
Os restantes jovens da formação — Rafael Rodrigues, Pedro Santos, Henrique Pereira e Gerson Sousa — sentiram a dureza da transição para o futebol profissional. Pouco tempo de jogo e impacto reduzido. O Benfica pode começar a ponderar até que ponto estes atletas ainda têm espaço no projeto desportivo do clube.
No lote dos estrangeiros, Tengstedt, Jurásek e Meïté também não entusiasmaram. O dinamarquês começou bem no Verona, mas as lesões condicionaram a segunda metade da época. A cláusula de sete milhões parece afastar uma permanência em Itália, embora o jogador possa ter despertado algum interesse no mercado transalpino. Jurásek foi devolvido pelo Hoffenheim após época marcada por lesão e poucas oportunidades. Meïté, apesar de algumas boas exibições no PAOK, não justificou o milhão da cláusula de compra.
Perante este cenário, o Benfica vê-se obrigado a redefinir a estratégia de gestão de ativos. O Mundial de Clubes, onde as águias terão de inscrever entre 26 e 35 jogadores, podia abrir uma pequena janela para alguns destes regressos. No entanto, com jovens como Rafael Rodrigues e Araújo convocados para o Europeu sub-21, essa hipótese torna-se ainda menos viável.
A conclusão é clara: a época de empréstimos foi uma oportunidade falhada. E mais do que refletir sobre os atletas, este insucesso deve levar o clube a repensar o modelo de cedência de jogadores. Não basta emprestar. É preciso garantir que há um plano, acompanhamento, e, acima de tudo, contexto competitivo adequado. Caso contrário, o risco é perder talentos antes de lhes dar uma verdadeira oportunidade de brilhar.