Benfica entra em 2025/26 sob pressão total: entre eleições, dúvidas táticas e um mercado imprevisível
Depois da dobradinha do rival Sporting, os adeptos do Benfica esperam nada menos que o título nacional. Mas o arranque da época 2025/26 está longe de ser simples: Bruno Lage vai tentar reconstruir uma equipa cA fasquia está altíssima na Luz. Depois do bicampeonato e da Taça conquistados pelos leões, o universo encarnado exige respostas rápidas, consistentes e, sobretudo, vencedoras. E o Benfica de Rui Costa, agora liderado por Bruno Lage, terá de mostrar serviço desde o primeiro minuto – num arranque condicionado pela participação no Mundial de Clubes e pelas eliminatórias da Liga dos Campeões.
Bruno Lage, que regressa após passagem anterior marcada por altos e baixos, foi anunciado como treinador numa tentativa de estabilidade por parte de Rui Costa. Uma escolha que, mais do que técnica, também é política: o presidente precisa de recuperar a confiança dos sócios a tempo das eleições que se avizinham. Mas será esta a base certa para relançar o projeto desportivo?
Um modelo que precisa de crescer
O problema do Benfica não é só de nomes. É estrutural. Roger Schmidt caiu por insistir num modelo tático (inspirado no gegenpressing alemão) que não resistiu à erosão da exigência competitiva em Portugal, nem às vendas constantes de jogadores nucleares. O sucessor tem agora o desafio de recuperar identidade tática, estabilidade emocional e rendimento imediato.
Lage mostrou, na sua primeira passagem, vontade de implementar mais controlo e critério no meio-campo. Mas faltaram-lhe as peças. Hoje, mesmo com nomes como Manu e Kokçu, o plantel ainda não parece formatado para um jogo apoiado, associativo e dominador. E alguns dos talentos promissores (como Schjelderup ou Prestianni) foram ofuscados por opções imediatistas e jogadores de perfil mais explosivo, como Bruma ou Akturkoglu.
Pré-época com tempo contado
Com uma pré-época encurtada e um calendário sobrecarregado, Lage terá pouco tempo para implementar ideias. O regresso de jogadores como João Félix pode gerar impacto imediato, mas o sucesso dependerá da forma como se monta um onze equilibrado, capaz de reagir bem à pressão e de se impor em jogos grandes.
Além disso, há questões pendentes como o futuro de Nicolás Otamendi (com 37 anos) e o regresso de Álvaro Carreras ao Real Madrid, que deixam a defesa em aberto. Samuel Dahl, uma das apostas recentes, continua a gerar dúvidas na adaptação à posição de lateral.
Um clube à espera de uma direção
Por detrás de tudo isto, está o peso das eleições. Rui Costa precisa de apresentar sinais claros de rumo, com reforços cirúrgicos e uma mensagem mobilizadora para os sócios. Mas um mercado populista, pensado apenas para agradar à bancada, poderá entrar em choque com as ideias de Bruno Lage, que prefere estabilidade e critério tático.
O risco é grande: falhar o arranque da temporada pode custar mais do que títulos – pode custar também o lugar no topo da hierarquia do clube.
O Benfica entra em 2025/26 num momento delicado: técnico novo, plantel por definir, eleições à porta e uma exigência máxima por parte dos adeptos. Sem espaço para erros nem tempo para experiências, tudo terá de bater certo… ou o clube poderá afundar-se ainda mais numa crise estrutural e emocional.